“Spinning”

Viva amigos!

Não sei bem por onde começar este relato de uma pesca que quase não acontecia, mas vamos lá… De salientar que só fiz esta jornada porque uns dias antes a previsão era diferente e mudou à última da hora quando eu já tinha tudo preparado para arrancar. Então neste dia comecei por fazer o aceio da tarde com mar forte onde o vento lateral me atraiçoava os lançamentos e como se não bastasse vinha acompanhado de uma chuva miudinha que me lavava a cara e escorria pela barba, foram cerca de 3h de dedicação máxima sem qualquer resultado, caso para dizer que não havia vida no mar.

Fiz a subida já de noite e aquela chuvinha que caiu transformou-se em lama que escorria pelo aceiro abaixo e me fazia patinar a cada passo que dava. Quando cheguei à carrinha a chuva tornou-se mais forte e tive de preparar qualquer coisa para jantar naquele cenário desconfortante e sem o mínimo de condições para tal (Áhh queres pesca!!! Atão toma lá pesca!!!) “é fácil” depois de comer à chuva todo enrolado tinha outra missão que era despir o fato de neoprene e o corta-vento o mais rápido possível e arrumar aquilo tudo, tentar limpar-me à chuva todo nu e enfiar-me dentro da carrinha, aquilo filmado devia ter sido uma coisa engraçada de se ver, engraçado para vocês porque para mim não teve piada nenhuma. Já dentro da carrinha a salvo daquela borrasca apressei-me a vestir umas roupas quentes e espreitei as últimas actualizações do vento e do mar, as novidades não eram nada animadoras e deitei-me com a dúvida de se ia ou não fazer o aceio da manhã como tinha planeado…
Ás 4:30h tocava o despertador a avisar-me que estava na hora do ataque, o objectivo era começar a pescar às 5:30h mas a moral estava em baixo e o corpo ainda cansado de marés anteriores, abri o vidro da carrinha e assim que meto a mão de fora verifiquei de imediato que o vento não era o melhor, naquele momento já não chovia e as estrelas afastavam as nuvens para espreitar, quanto ao mar só mesmo arrumado a ele é que conseguiria ter alguma ideia de como estaria… Por momentos decidi abortar a missão e ficar dentro do saco cama em vez de ir apanhar mais um chibo, mas já estava acordado e desperto e não ia conseguir adormecer outra vez, lembrei-me que talvez nem tão cedo volte a poder estar aqui e olha que se lixe, uma coisa era certa; que ali deitado é que não ia apanhar mesmo nada, meti o CD mágico a tocar e saltei do saco cama, vesti o vadeador e sem comer nada lá fui eu por ali abaixo com a convicção de que ia ser mais um ZERO dos grandes para o meu curriculum, no entanto confortava-me a consciência de que pelo menos não fiquei deitado e fui à luta. No terreno e perto da rebentação apercebi-me de que as condições eram difíceis, o mar quebrava por fora e voltava a quebrar em seco novamente não me deixando aproximar o suficiente para tirar mais partido dos lançamentos e enquanto isso o vento continuava lateral.

Uma vez que ali estava não me restava outra solução a não ser adaptar-me às condições e lutar contra aquele mar que estava quase impossível para a prática do spinning mas que ao contrário estava um luxo para o surfcasting, isto da pesca é assim e às vezes fazemos as escolhas erradas.

Lançamentos uns atrás dos outros, muitos deles eram gorados ou pela força do vento ou pela força do mar, penso que a média era em cada cinco lançamentos haviam dois que vingavam e mesmo assim nunca conseguia lançar muito longe, até que ferro uma baila boa com o dia já quase a nascer, peixe guardado e pouco depois cravei o robalote mais pequeno da jornada que também guardei juntamente com a baila, pouco depois lá vem mais um robalete sem medida que foi libertado e a seguir veio outro que até parecia o mesmo ou então era irmão gémeo, peixe libertado e o mar entretanto mandava uns sets com tamanho e força que me obrigaram a fazer “porta de armas” durante uns minutos.

Assim que consegui lançar e meter a amostra na água a trabalhar bem já lá tinha outro robalote porreiro a debater-se, peixe cá fora e disse para mim mesmo que apesar de tudo já estava satisfeito com a pesca que tinha, pois nem me passava pela cabeça sentir aqueles peixes com as condições que estavam, mas ainda não tinha acabado e lançamento atrás de lançamento tentava fazer uma pesca melhor só que o mar teimava em dificultar-me a vida, no entanto; um a um lá fui compondo a saca com capturas não muito grandes mas de boa qualidade, pelo meio destes que guardei ainda tive mais dois que se desferraram ali aos meus pés, também faz parte destas lides e ao menos a ideia com que fiquei foi de que eram peixes da mesma bitola destes e não eram “os grandes” como já aconteceu no passado…

No final de tudo isto terminei com seis peixes na saca num dia de condições extremas para a prática do spinning, num dia que eu quase que ficava deitado no saco cama enquanto os robalos se passeavam lá em baixo, num dia em que tinha tudo para ser aquele dia mas que devido às fortes condições ou por má escolha minha acabou por ter sido um dia bom na mesma. No final doía-me o esqueleto, estava cansado mas satisfeito, esta foi uma daquelas jornadas que ficará para sempre na minha memória, não pelo que foi mas sim pelo que poderia ter sido e da forma como tudo aconteceu…

Natureza_01
Natureza_02
Lixo velho que foi deixado no sítio errado por alguém que está a mais neste mundo 
Desfiei umas poupas de baila que tinha sobrado do dia anterior e reguei com uma cebolada de alhos, azeite, açafrão e pimenta preta, um restinho de favas e está o jantar feito, um gajo também tem de comer alguma coisa, atão 😋
Com a chegada da Primavera já apetece fazer uns petiscos na varanda com o amigo João Santana
Haja saúde e força aí pessoal…

Por Don Pesca

Deja una respuesta

Tu dirección de correo electrónico no será publicada. Los campos obligatorios están marcados con *